Advogado com COVID-19 morre depois de fugir de hospital

13/07/2020 | Minas Gerais

Após teste positivo, o paciente deixou o Hospital Vera Cruz – Foto: Reproduçãointernet/Google Maps

 

 

A Secretaria Municipal de Saúde de Patos de Minas informou, nesta segunda-feira, que está investigando a morte de um conhecido advogado da cidade, cujas iniciais são J.D. L., de 63 anos que, depois de ser diagnosticado com a COVID-19, fugiu do hospital.

O advogado morreu por volta das 5h de quinta-feira (9), no Hospital Vera Cruz. O corpo foi sepultado no mesmo dia, em Patos de Minas, sem velório, seguindo os protocolos para os casos de coronavírus.

Ainda na madrugada de quarta-feira, o paciente recebeu o diagnóstico da COVID-19. Logo após, mesmo infectado com a doença, ele deixou o Hospital Vera Cruz, onde estava internado. Funcionários da unidade hospitalar acionaram a Polícia Militar, e ele foi encontrado próximo à orla da Lagoa Grande, na região Central da cidade. No momento, um irmão do paciente o convenceu a voltar ao hospital.

Na manhã do mesmo dia, o advogado recebeu alta. Porém, por volta das 21h, apresentou dificuldades respiratórias. Foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Emergência (Samu). De acordo com o irmão, que é pastor evangélico, o advogado chegou a ser intubado pelos médicos, mas apresentou uma parada cardiorespiratória e não resistiu.

A investigação agora é para que se chegue à real causa da morte. Segundo autoridades do município, o diagnóstico final será de responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde, que receberá toda a documentação e prontuário do paciente, a ser encaminhada pela Vigilância Epidemiológica Municipal de Patos de Minas.

 

FAMÍLIA

Nesta segunda-feira, a reportagem entrou em contato com o Hospital Vera Cruz, que informou que não iria se manifestar. O pastor evangélico esclareceu que o advogado, depois de ter teste positivo para o coronavírus, fugiu do hospital porque sofreu uma crise de ansiedade e um surto devido a um quadro de depressão que enfrentava.

Ele fez questão de ressaltar as qualidades do irmão, que deixou três filhos. “Não morreu (apenas) um advogado. Morreu um ser humano que tinha formação em advocacia, homem de respeito. Morreu um homem íntegro”, afirmou. O líder religioso ainda disse que outras pessoas da família também foram contaminadas pelo coronavírus, mas foram tratadas, cumpriram o isolamento e já estão recuperadas.

Em áudio, um filho do advogado disse que o pai lutava contra uma depressão havia anos. Mas fora isso, estava sadio, “trabalhando pouco” e tentando se aposentar.

“Inicialmente, ele se isolou. Depois, se expôs ao vírus. Infelizmente, parece que não acreditou muito que era real esse vírus. E ele é real. A gente tem que se proteger. Ele (o coronavírus) não tem cor, não tem cheiro… Devastou o pulmão do meu pai (…)”, lamentou o rapaz, que segue a carreira de advogado do pai.

Ainda no áudio, o filho reclamou da condição das famílias das vítimas da COVID-19, impedidas de realizar velórios, para evitar a transmissão. “A doença é tão ruim, tão ordinária, que tira até a dignidade de se (realizar) um velório. Ela tira a dignidade da família. A família não pode se despedir (do ente querido). Só eu que vi meu pai naquela situação muito triste”, lamentou.
A situação da COVID-19 em Patos de Minas

 

Do Estado de Minas

De acordo com o último boletim da Secretaria Municipal de Saúde de Patos de Minas, divulgado sexta-feira (10), a cidade, de 152,48 mil habitantes, tem 720 casos confirmados da COVID-19, com sete mortes confirmadaas por causa da doença. 289 pessoas já se curaram no município, que tem 47 pessoas internadas com coronavirus, das quais 14 em leitos de Unidade Terapia Intensiva (UTI).

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