Capitólio: polícia alega complexidade e pede mais 30 dias

7/02/2022 | Centro-Oeste

Pedra desliza sobre turistas em Capitólio – Foto: Redes Sociais/Reprodução

 

 

Após alegar complexidade nas apurações, a Polícia Civil de Minas Gerais solicitou à Justiça nesta segunda-feira (7) mais 30 dias para concluir o inquérito sobre a rocha que se desprendeu de um cânion e matou 10 pessoas em Capitólio no dia 8 de janeiro. Nesta terça-feira, o acidente completa um mês.

 

O foco da apuração é tentar entender o que provocou o deslocamento da rocha e, principalmente, se era possível ter previsto a tragédia com 10 mortes. Todas as vítimas foram identificadas pela Polícia Civil. Um vídeo mostra o momento em que a rocha atinge as lanchas.

 

Pedido de prazo

 

Equipes foram até Capitólio entender o que provocou o deslocamento da rocha – Foto PC/Divulgação

 

 

Em entrevista nesta segunda, o delegado Marcos Pimenta, que preside as investigações, disse que 50 pessoas já foram ouvidas dentro do processo, perícias no local da tragédia e nas embarcações já foram realizadas e os laudos estão sendo aguardados.

 

“Já consta no bojo do inquérito policial as 50 oitivas, incluindo testemunhas, turistas, empreendedores, representantes do poder Executivo de municípios da região, engenheiros, dentre outros. Também estão presentes no inquérito solicitações de informações técnicas ao Supram [Superintendência Regional de Meio Ambiente], IEF [Instituto Estadual de Florestas], Igam [Instituto Mineiro de Gestão das Águas], DER [Departamento de Estradas e Rodagem], Marinha do Brasil, Prefeitura de Capitólio, Crea [ Conselho Regional de Engenharia e Agronomia], dentre outros. Um grupo de peritos da Polícia Civil de Minas Gerais com a utilização de apoio aéreo também esteve presente na região e realizou os trabalhos técnicos, os quais encontram-se em fase de conclusão e serão juntados ao inquérito policial, tão breve findados”, detalhou.

 

Diante do vasto material para apuração do caso, o delegado fez o pedido de 30 dias para concluir o inquérito.

 

“Diante da complexidade dos fatos e da necessidade de aguardar os laudos, bem como de esmiuçar a vasta documentação angariada, a Polícia Civil pleiteou a dilação de prazo por 30 dias perante o poder judiciário de Piumhi”, pontuou o delegado.

 

Mais sobre a investigação

 

Desde o início as investigações, os trabalhos estão pautados na ciência e, por isso, polícia tem buscado apoio de especialistas, como mencionou o delegado. Várias instituições têm fornecido material de apoio para o inquérito policial.

 

“O foco não é procurar culpados e, sim, respostas para que se evite, se for possível, que outras placas caiam”, ressaltou o delegado.

 

Marcos Pimenta afirmou que será investigado se houve alguma ação que provocou a aceleração da ruptura da rocha e, caso isso tenha ocorrido, ao fim do inquérito haverá indiciamento. Mas de acordo com ele, ainda é cedo para apontar eventuais responsabilidades.

 

Para a realização de análises das causas do acidente, segundo o delegado, a polícia entrou em contato com a Sociedade Brasileira de Geologia e também com professores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), além de outros especialistas.

 

Queda da Rocha

 

Era início da tarde do sábado (8 de janeiro). Um dia chuvoso na região Centro-Oeste de Minas, mas com intensa atividade turística na região do Mar de Minas. Nos cânions, em Capitólio, vários marinheiros de lanchas percorriam trechos paradisíacos com turistas a bordo.

 

Na região, a maioria dos passeios dura em média três horas até o regresso de todas as embarcações ao ponto de partida. No entanto, para a lancha nomeada de “Jesus”, o regresso não aconteceu.

 

No dia da tragédia, ocupantes de uma lancha mais distante perceberam pedras rolando cânion abaixo, se assustaram quando rapidamente as pedras começaram a cair em maior volume e começaram então a gritar para que as lanchas posicionasse logo abaixo do cânion saíssem de lá.

 

Os gritos se tornaram imperceptíveis em meio ao barulho. Foi então que uma grande rocha se desprendeu de um cânion na horizontal e desabou sobre a água. Outras embarcações próximas conseguiram se afastar, ainda assim os ocupantes foram atingidos e tiveram apenas ferimentos.

 

Mas uma lancha chamada de “Jesus”, no entanto, não teve a mesma sorte. Ela foi diretamente atingida pelo enorme paredão, que ainda sem causa identificada, caiu e matou as 10 vítimas.

 

Desde o acidente, ocorrido entre 12h e 13h de sábado, o Corpo de Bombeiros e Marinha do Brasil, iniciaram as buscas pelas vítimas. Oito corpos foram localizados no mesmo dia do acidente, os dois últimos foram encontrados na segunda-feira (9).

 

Ao todo, 12 mergulhadores e 8 bombeiros trabalharam durante as buscas em Capitólio que seguiram sendo realizadas até terça-feira (11), quando foi definido, entre a Polícia Civil e os militares a suspensão das buscas pelos fragmentos.

 

Estudo sobre segurança dos cânions

 

Na última sexta-feira (4), o prefeito de Capitólio ,Cristiano Geraldo da Silva (PP), disse que um estudo sobre a segurança dos cânions estava previsto para começar nesta próxima segunda-feira (7) e que o trabalho faz parte do plano de ação “Reviva Capitólio – Viva o Mar de Minas”, que está previsto para ser lançado na terça-feira (8), quando completa um mês da tragédia.

 

“No primeiro momento será feito o estudo nos cânions e depois abrangendo os demais pontos turísticos dentro do lago. O objetivo deste diagnóstico é um mapeamento de risco e a melhoria no planejamento e adequação das normas do turismo, principalmente, o turismo náutico da região”, concluiu.

 

Por G1 

 

 

 

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