Cinco casos suspeitos de síndrome neufroneural estão sendo apurados

15/01/2020 | Centro-Oeste

Peritos coletaram amostras da cerveja para investigar dietilenoglicol – Foto: Uarlen Valério / O Tempo

 

Cinco casos suspeitos de síndrome neufroneural estão sendo apurados em Itaúna, Divinópolis e Arcos. As pessoas que se sentiram mal estão sendo acompanhados pela Secretaria de Saúde e pela Vigilância em Saúde dos municípios. Nenhum dos pacientes está hospitalizado.

Uma força-tarefa investiga a relação das internações e mortes com o consumo da cerveja Belorizontina, da fabricante Backer. A substância tóxica dietilenoglicol foi encontrada em lotes do produto.

Itaúna

A Secretaria de Saúde de Itaúna informou que um casal deu entrada nesta terça (14) no Hospital Manoel Gonçalves e apresentando os mesmos sintomas da síndrome nefroneural. Eles teriam consumido a cerveja na última quinta-feira (9).

Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura, os pacientes não aguardaram atendimento, mas foram orientados a fazer todos os exames. O caso do homem foi descartado, pois os sintomas não se enquadravam no quadro.

O caso da mulher segue sob investigação. Ela apresenta vômitos e náuseas. A Secretaria de Saúde informou que só após a realização dos exames será possível notificar a Gerência Regional de Saúde.

Divinópolis

Em Divinópolis, dois casos estão sendo acompanhados pela Vigilância em Saúde. Os dois homens, que não tiveram a idade divulgada, apresentaram sintomas e confirmaram ter garrafas da cerveja Belorizontina, que pertencem ao lote sob investigação, em casa.

Arcos

Em Arcos as investigações estão sendo feitas em um jovem de 19 anos e um homem de 33 anos. Ambos foram atendidos na Santa Casa do município. A notificação dos casos suspeitos foi feita pelo hospital à Secretaria de Saúde.

De acordo com a responsável técnica da Santa Casa, Ângela Margarete, o jovem de 19 anos é de Ouro Preto e estava em Capitólio onde ingeriu a bebida entre os dias 4 e 7 de janeiro. Ele apresentou febre e diarreia. O paciente foi atendido e liberado no dia 10 de janeiro em bom estado de saúde. O caso dele foi informado ao Estado na semana passada e está na lista dos casos notificados.

O homem de 33 anos deu entrada na Santa Casa no dia 3 de janeiro. Ele informou que consumiu a cerveja durante as festas de Natal e Ano Novo. O paciente apresentou vômito, dor abdominal e diarreia. Ele também foi liberado e teve o caso notificado à SES na segunda-feira (13), segundo a Vigilância em Saúde.

Morte investigada em Pompéu

Uma morte com suspeita de ter sido causada pela síndrome nefroneural está sendo investigada em Pompéu. A informação foi confirmada nesta terça-feira (14), pela Secretaria Municipal de Saúde da cidade que informou ter notificado a Secretaria de Estado de Saúde.

A paciente é uma idosa de 60 anos, que morreu no dia 28 de dezembro de 2019.

Casos confirmados

A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (15) que subiu para 18 o número de casos de síndrome nefroneural investigados em Minas Gerais. Nesta manhã, o órgão confirmou a segunda morte supostamente relacionada ao consumo da cerveja Belorizontina, da Backer.

A vítima é um homem, que não teve a identidade e a idade divulgadas até a última atualização desta reportagem. O paciente morreu no Hospital Mater Dei, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O corpo deverá passar por exames e perícia no Instituto Médico-Legal (IML).

A primeira vítima da síndrome a morrer foi Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos. Ele estava internado em Juiz de Fora e morreu em 7 de janeiro.

SES-MG

De acordo com a SES, os casos citados não entraram no sistema como casos suspeitos. Isso ocorre porque são feitas várias apurações após a notificação feita pelo município, até que o caso entre na lista dos casos sob investigação. A SES pede que casos suspeitos sejam notificados por telefone e e-mail que constam no site da Secretaria.

Até o momento foram notificados 17 casos suspeitos de intoxicação exógena por dietilenoglicol, desses, 16 são do sexo masculino e 1 feminino.

Quatro casos foram confirmados, um caso evoluiu para óbito e os 13 restantes continuam sob investigação, pois segundo a SES-MG, apresentaram sinais e sintomas com relato de exposição.

A distribuição geográfica dos 17 casos notificados, segundo município de residência, é a seguinte: 12 casos em Belo Horizonte e os demais cinco casos contabilizam registros em Ubá, Viçosa, São Lourenço, Nova Lima e São João Del Rei.

Entre os sintomas da síndrome nefroneural estão alterações neurológicas, além de insuficiência renal. De acordo com a presidente da Sociedade Mineira de Nefrologia, Lilian Pires de Freitas do Carmo, os primeiros sinais de intoxicação por dietilenoglicol são dores abdominais, náuseas e vômitos. O tratamento é feito no hospital, com monitoração, e tem o etanol como antídoto

Lotes contaminados com substância tóxica

Um laudo divulgado pela força-tarefa que apura o caso aponta que os lotes L1 1348, L2 1348 e L2 1354 estão contaminados por dietilenoglicol e monoetilenoglicol. A Backer considera que são dois lotes, sendo L1 1348 e L2 1348 duas linhas diferentes de um mesmo lote.

A substância tóxica foi encontrada em amostras de lotes da Belorizontina, que também usa o rótulo Capixaba, e em um tanque reservatório de liquido anticogelante, usado no processo de fabricação das cervejas da Backer.

Uma perícia contratada pela própria cervejaria confirmou a presença da substância tóxica na cerveja, conforme mostra o vídeo abaixo. Em nota divulgada no início desta tarde, a empresa informou que a “ainda está em andamento” e que “precisa aguardar a conclusão dos laudos para compartilhar os resultados com a sociedade”.

Por G1

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