
Foto Google Maps
Dez barragens da Vale estão em nível de emergência e quatro delas estão com risco iminente de ruptura em Minas Gerais, segundo um relatório divulgado pela empresa, nesta quinta-feira (1). Estão em nível 3, ou seja com risco de romper, as barragens B3/ B4 da mina Mar Azul, em Macacos, na região metropolitana, Forquilha I e Forquilha III, em Ouro Preto, na região Central, e a Sul Superior, em Barão de Cocais, também na região Central.
De acordo com o comunicado da Vale estão sendo adotadas medidas de segurança para as barragens que estão em nível 2, ou seja situação de emergência e nível 3, quando há risco iminente ou ruptura em curso.
“A Vale vem mantendo os reservatórios rebaixados e minimizando o aporte de água, com a implantação de canais de cintura. Estruturas de contenção a jusante das barragens em nível 3 (backup dams) também estão em construção, com uma delas já concluída em março de 2020, relativa à barragem Sul Superior. A primeira fase das contenções relativas às barragens B3/B4 e Forquilhas I, II e III e Grupo foi concluída, mas, em função de ajustes em seu escopo, uma segunda fase está em andamento e tem previsão de conclusão para o quarto trimestre de 2020 (B3/B4) e segundo trimestre de 2021 (Forquilhas I, II e III e Grupo)”, informou a mineradora.
A Vale informou ainda que a barragem de Xingu, localizada na Mina Alegria, no Município de Mariana , também na região Central de Minas ” teve seu nível de emergência elevado de 1 para 2 em 29 de setembro de 2020. Originalmente classificada como empilhamento drenado, a estrutura foi reclassificada como barragem de rejeitos com método de alteamento a montante em setembro de 2020. Todas as barragens de rejeitos em nível 2 ou 3 de emergência estão contempladas no plano de descaracterização da Vale, cuja atualização está disponível no Portal ESG da Vale”, escreveu.
A Vale ainda tem nove barragens de rejeitos e de sedimentos que continuam sem Declaração de Condição de Estabilidade (DCEs) e suas respectivas Zonas de Autossalvamento (ZAS) estão evacuadas.
Minas é o Estado do Brasil com mais barragens proibidas de funcionar
Também nesta quinta-feira a Associação Nacional de Mineração (ANM) divulgou um estudo que mostra que Minas Gerais é o Estado que mais tem barragens proibidas de funcionar. Das 45 interdições feitas no Brasil, 42 foram em Minas e outra três no Amapá, Pará e Rio Grande do Sul.
A declaração de estabilidade da barragem deve ser entregue obrigatoriamente duas vezes ao ano: a primeira em março e a segunda em setembro. O documento é emitido por uma auditoria terceirizada que deve ser contratada pelas mineradoras. Caso ele não seja entregue ou a avaliação conclua que a estrutura não tem estabilidade, a ANM determina a paralisação das operações.
A nova lista reúne as barragens que não foram aprovadas nas análises que deveriam ser apresentadas em setembro. De acordo com o órgão, das 45 estruturas listadas, 36 já estavam paralisadas porque não haviam tido a estabilidade atestada em março. Com as novas avaliações, 391 barragens no país têm autorização para operar.
A mineradora com o maior número de estruturas interditadas é a Vale. São 31 ao todo, todas em Minas Gerais. Nos últimos anos, a mineradora tem se envolvidos em grandes tragédias ambientais no estado. Em novembro de 2015, uma barragem da Samarco, joint-venture da Vale e da BHP Billiton, se rompeu em Mariana (MG) matando 19 pessoas e causando danos ao longo de dezenas de municípios da Bacia do Rio Doce. Em janeiro de 2019, outro desastre causou 270 mortes: a ruptura de uma barragem da Vale em Brumadinho (MG).
Após essa segunda tragédia, um pente-fino levou à interdição de diversas barragens da mineradora. As paralisações foram determinadas não apenas pela ANM, mas também pela Justiça mineira, que atendeu a diversos pedidos formulados em ações movidas pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para paralisar outras barragens e exigir a contratação de novas auditorias externas a fim de verificar a segurança das estruturas. Há casos em que a própria Vale se antecipou e interrompeu as operações.
Uma vez que a estabilidade não é atestada, automaticamente é acionado o nível 1 de emergência. Nos casos em que a gravidade da estrutura atinge nível de emergência 2 ou 3, é obrigatória a evacuação de todo o perímetro que seria alagado em caso de um rompimento. Atualmente, a Vale tem quatro barragens em nível 3, que significa risco iminente de ruptura. Muitos moradores permanecem fora de suas casas.
Por O Tempo/Agência Brasil