No interior do Acre, litro da gasolina passa de R$ 11

11/03/2022 | Brasil

Gasolina em Jordão subiu para R$ 11,56 nesta sexta – Foto Kézio Araújo/reprodução

 

 

O preço do litro da gasolina nos municípios do interior do Acre assustam nesta sexta-feira (11). Em Marechal Thaumaturgo, a 558 quilômetros da capital Rio Branco, quem precisa abastecer desembolsa R$ 10,55 por litro do produto. Só há um posto terrestre na cidade – os demais são fluviais.

 

Na cidade de Jordão o valor é ainda maior. O litro da gasolina comum passou para R$ 11,56.

 

O g1 tenta contato com o gerente do posto de combustível de Marechal Thaumaturgo, onde a foto foi tirada, mas até a última atualização desta reportagem não conseguiu retorno.

 

O preço médio de venda da gasolina, nas refinarias, passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um aumento de 18,8%. Para o diesel, o preço médio passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, uma alta de 24,9%. Para o o gás de cozinha, o preço médio de venda da Petrobras foi reajustado em 16,1% e passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13 kg.

 

O professor de educação física Michel Geovani de Souza Silva, de 34 anos, que mora em Marechal Thaumaturgo, está preocupado com mais esse aumento.

 

“Tenho moto e barco, uso mais o barco para deixar o material para os alunos ribeirinhos. Por causa da pandemia estamos fazendo rodízio nas escolas, então, não vamos todos os dias. Mas, por exemplo, se for uma comunidade mais perto gasto uns cinco litros para ir e voltar, se for longe vai até 25 litros.”

 

Ele pensa em trocar a moto por uma bicicleta para economizar a partir de agora.

 

“Aqui eu uso mais o barco, mas, se continuar assim, nem a moto vou usar mais, vai ter que ser de bicicleta para andar na cidade. A situação está pesada para o cidadão Thaumaturguense. Eu recebo uma média de R$ 1,9 mil já com os descontos, falei para o meu coordenador que com o combustível desse preço estou apenas mantendo o trabalho e não trabalhando para me manter”, desabafou.

 

Fran Damasceno também mora em Marechal Thaumaturgo e disse que antes do anúncio o preço da gasolina estava em R$ 9,55 e que logo após a anúncio o preço foi reajustado. “Não abasteço, mas para quem precisa por aqui está cada dia mais difícil por causa do valor cobrado pelo litro.”

 

Na cidade vizinha, Cruzeiro do Sul, a segunda maior do estado, o preço do litro da gasolina subiu para R$ 8,29. O gerente de um dos postos do município, Arenilson Paixão, disse que esse valor já está com o reajuste. “Não vai passar desse valor, já é com o aumento.”

 

Moradores fazem fila na capital

Em Rio Branco, motoristas correm aos postos – Foto Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre

 

 

Em Rio Branco, motoristas de Rio Branco fizeram filas nos postos de combustíveis na quinta (10) para abastecer os veículos após a Petrobras anunciar reajuste no preço da gasolina e do diesel e também do gás de cozinha.

 

Um posto da capital acreana ofereceu desconto para zerar o estoque antes do reajuste. Alguns motoristas aproveitaram para encher o tanque antes do novo preço.

 

Francisco Pereira de Souza, operador de máquina, disse que usa o carro apenas para ir ao trabalho e gasta em média R$ 100 por semana. Ele lamenta o novo aumento.

 

“Cada dia que passa a gente vê a gasolina aumentando. Eles dão uma trégua de uma semana, duas, mas depois aumentam de novo. Acho isso um absurdo. Nosso país, não tem um político que nos ajude a combater esse aumento. É muito difícil. A gente aproveita que baixou um pouquinho e coloca um pouco pra ir ao trabalho até que chegue o novo reajuste, daqui uns não vai dar mais pra usar o veículo”, pontuou.

 

Conforme levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), o preço médio da gasolina comum praticado em Rio Branco é de R$ 6,891, podendo chegar a R$ 7,299. Já o preço médio do diesel é de R$ 6,314. O gás R$ 117, 433.

 

Mas vários postos na capital e interior já reajustaram o preço do combustível. Em Cruzeiro do Sul, a gasolina aumentou para R$ 8,29.

 

‘Não tem pra onde correr’

 

O montador de móveis e comerciante, Raimundo André, é morador de Rio Branco e diz que a situação é complicada e que o consumidor sofre a cada reajuste.

 

“Com certeza [complicado], desse jeito a gente não sabe o que fazer. A gente precisa se locomover e é uma surpresa porque já ganhamos pouco e botar gasolina para fazer os nossos trabalhos. Cheguei aqui e não saboia, mas fiquei passado, a gente sofre. Tanquear antes do aumento”, lamenta.

 

A reação dos consumidores acaba sendo praticamente a mesma, a de susto, como descreve o decorador Marcel Blazute.

 

“Vi na quarta [9], os rumores e é mais um susto. Para a gente que trabalha muito com o carro acaba que pesa no orçamento. Não tem estratégia porque nem o ar-condicionado pode desligar, então não tem muito para onde correr”, ressalta.

 

Segundo a Petrobras, os reajustes foram necessários para garantir o abastecimento nacional e também por causa do cenário mundial.

 

“Após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras,” justificou a estatal, acrescentando que decidiu não repassar de imediato a volatilidade decorrente da guerra na Ucrânia.

 

O Sindicato dos Postos de Combustíveis do Acre (Sindepac) informa que os reajustes anunciados pela Petrobras ocorrem primeiro nas refinarias. Ainda não é possível saber se esses novos valores serão repassados para as distribuidoras e qual percentual de reajuste. Neste caso, somente com a compra de novos estoques será possível saber de que forma isso vai impactar no preço final para o consumidor.

 

Por G1

 

 

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