O ser Escritor

16/06/2019 | Destaque, Luiz Mascarenhas, Uncategorized

Foto: Daniel Henrique

 

Definições são obras da engenharia dos vocábulos. Definir alguma coisa – de forma correta, clara e precisa – sempre é tarefa extremamente árdua e difícil; hercúlea diria. Porque trata-se de reduzir a termo a essência de algo. Portanto, não é empresa aonde qualquer um obtenha êxito.  Aventurar-se no uso do verbo ser no presente do indicativo para o que quer que seja, é mister para os grandes luminares da Ciência. “O Escritor é…”. Como este escrevedor de coisas não é luminar de nada; na verdade, chafurda-se nas trevas de sua obtusidade, não irei atrever-me definir “escritor”.

Escritor é aquele que escreve. Que banalidade, que boçalidade seria conceituar assim o escritor. Escritor não apenas escreve. Escritor utiliza-se da língua para traduzir emoções, sentimentos, histórias…por vezes, sua alma, sua essência ali, denuda para o leitor. Assim me sinto. Assim me percebo.

Primeiramente escrevo para minha própria necessidade. É preciso. É necessário escrever. Caso contrário, entupo-me de ideias, coisas, vultos e gentes no meio da cabeça. Escrever é uma forma de aliviar-se. Pronto. Pus para fora o que queria sair… (desse jeito; tanto que de vez em quando a escrita precisa ser imediatamente descartada porque o seu odor é fétido…).  De outas vezes, as linhas mal traçadas são jogadas na Imprensa e atiradas ao léu… Alguém lerá! E pronto.  Irão gostar? Essa não é uma indagação que me faço. Apenas escrevo. Ganhando forma na Imprensa, já não cabe a mim interpretar, gostar ou desgostar. Longe de mim uma escrita perfeitinha, certinha, comportadinha e que sirva ao sistema. Escrevo para mexer com cérebros e corações. O ato de escrever precisa ser rebelde, revolucionário. Ou se enquadra então no meu outro ofício, o de Historiador. Aonde não me cabe escrever a História e sim, narrar. Historiador não é o  “autor” da História e sim, seu “buscador”.

Escritores -em uma boa parcela -são seres notívagos, boêmios, incertos e desajustados. Não se escreve para ser “elegante”.  Não se escreve para ser admirado. A admiração vem da reciprocidade. Da comunhão de ideias. Da troca de experiências. Poeta que não se embebeda, que não se apaixona, que não sofre ou não chora…é um escrevente de cafonices e tralhas gramaticas adocicadas e ridículas

E nenhum escritor escreve um best-seller do nada. São obras muito trabalhadas que envolvem sentimentos, paixões e muito conhecimento também. Há os que se aventuram em publicar qualquer coisa…Eu escrevo por necessidade e escrevo primeiramente para mim mesmo.  Além do que, publicar é tarefa muito dispendiosa.

Escrevo. Escrevo crônicas, contos, poesias…Dependendo da inspiração ou da quantidade de vinho ingerido.  E ainda fundei uma Academia. É…sim senhor. Eu fundei a Academia Itaunense de Letras. Eu fundei. Eu. Eu e mais oito escritores. Sim. Nós a fundamos. Ela aí está. E porquê? Porque era um sonho antigo de Itaúna ter sua Academia de Letras. Fundamos porque nos achávamos os melhores? Não. A fundamos pensando na nossa Itaúna. Ela tem como finalidade congregar intelectuais que tenham atividade literárias, em prosa e verso – romancistas, poetas, cronistas, trovadores, humanistas, biógrafos, ensaístas, professores estudiosos da língua portuguesa – bem como promover os seus trabalhos literários através de revistas, jornais, rádio, televisão, e edições de obras afins, bem como promover eventos culturais e artísticos de qualquer natureza.

A AILE (Academia Itaunense de Letras) não buscará colunas sócias ou os salões da High Society barranqueira. A AILE estará nas praças, nos botecos, no alto Rosário a saudar o congado, nas escolas públicas e no meio do povo, a incentivar a nossa Cultura. Cultura não academicismo. Cultura não erudição. Cultura não estrelismos ou auto divulgação. A AILE apoiará os diversos Coletivos de Arte espalhados pela nossa urbe. Eis a nossa missão, enquanto Acadêmicos. Saúdo meus confrades e confreiras, em particular, nossa Dama das Letras, nossa Madrinha….Escritora Maria Lúcia Mendes!

“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”

 

 

 

*Bacharel em Direito / Licenciado em História pela UNIVERSIDADE DE ITAÚNA

Historiador/ Escritor/ Membro Fundador da ACADEMIA ITAUNENSE DE LETRAS/

Autor de “Crônicas Barranqueiras” e coautor de “Essências”, “Olhares Múltiplos” e

“O que a vida quer da gente é coragem”/

Diretor da E.E. “Prof. Gilka Drumond de Faria”

Cidadão Honorário de Itaúna

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