Os setenta e dois anos de morte de Padre Eustáquio

26/08/2015 | Itaúna

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OS SETENTA E DOIS ANOS DA MORTE DE PADRE EUSTÁQUIO. (30 de

agosto de 1.943).

 

Nome de batismo: Humberto Van Lieshout, Padre Eustáquio nasceu em 03 de novembro de 1890, numa pequena cidade ao sul da Holanda. Depois de completar os estudos regulares ingressou-se no seminário influenciado por suas duas irmãs freiras e ordenou-se padre em 10 de agosto de 1929.

Após exercer o sacerdócio em sua terra, e se revelar como sacerdote de grandes carismas, na prática das virtudes teologais, procurava um espaço onde pudesse desenvolver os dons que colocava a favor do Reino de Deus, quando escolheu o Brasil para sua missão, chegando ao Rio de Janeiro em 12 de maio de 1925, e em Romaria-MG, em 15 de junho de 1925, às vésperas do jubileu de Nossa S. da Abadia, juntamente com outros 3 padres holandeses.

Depois de alguns dias de espera, foi convidado pelo Bispo de Uberaba a assumir a Paróquia de Romaria, um pequeno povoado da Diocese de Uberaba, que pertencia à cidade de Monte Carmelo (situada entre as cidade de Patrocínio e Uberlândia), o que ocorreu em 15 de junho de 1925, às vésperas do jubileu. Romaria era uma pequena comunidade de romeiros por devoção a Nossa Senhora da Abadia, (tipo Angicos), onde havia uma pequena igreja, cuja imagem da santa foi trazida por encomenda de Portugal, e que foi elevada pelo então bispo de Uberaba a Santuário Diocesano., Pe. Eustáquio assumiu a paróquia com dez capelas de

comunidades vizinhas, além da comunidade de Romaria, que recebia muitos

romeiros em função da devoção de N. S. da Abadia, Além da exemplar fidelidade à disciplina e aos votos religiosos, às virtudes evangélicas e ao cumprimento integral e permanente de todas as suas obrigações, dele surgiram os inegáveis carismas que atraíram multidões de pessoas em busca de cura para suas enfermidades, de absolvição para seus pecados e de conselhos para o encaminhamento de suas vidas, ou para a solução dos mais diversos problemas. Pe. Eustáquio, além do trabalho pastoral que desenvolveu, muito se fez para a saúde e conforto aos doentes, quebrando a idéia de que os padres que passaram por Romaria, somente se interessavam pelos romeiros, pois ele lutou como nunca para integrar a comunidade de todas as capelas à vida religiosa diária.

Depois de dez anos de fervorosa e carismática vida sacerdotal em Romaria, Pe. Eustáquio continuou seu ministério assumindo a Paróquia de N. S. de Lourdes na cidade de Poá, na região metropolitana de S.Paulo.

Aos poucos os Poaenses começaram o perceber seu grande carisma, e, novamente a influenciar as grandes multidões a procurà-lo, na esperança de

pelo menos aprecia-lo com seus dons teologais.

A época, como em Minas Gerais, circulavan-se notícias dos dons de cura de Pe. Eustáquio, e com muito mais ênfase pelos jornais de São Paulo, com manchetes dando conta de seus milagres enquanto estava em Poá(SP).

Em 13 de maio de 1941, Pe. Eustáquio deixou Poá, sem avisar aos paroquianos e sem despedir-se de ninguém.

Por força de vários convites, Pe. Eustáquio voltou para Minas Gerais mais precisamente para Araguari, quando recebeu ordens superiores para não aparecer em público, más o povo descobrindo sua presença na cidade promoveu uma onde de protestos nas cidades de Romaria, Patrocínio, Monte Carmelo, Estrela do Sul; Uberaba e Uberlândia.

Depois de algumas visitas pastorais a diversas cidades do triângulo mineiro, em 02 de abril de 1942, Pe. Eustáquio deixou a cidade de Ibiá em cumprimento de mais um ato de obediência transferindo-se para Belo Horizonte, em 04 de abril de 1942, quando foi recebido pelo primeiro Arcebispo de B.H. Dom Antônio dos Santos Cabral, e a partir daí, além de prestar assistência ministerial a pedidos de outras paróquias, com bênçãos especiais, pregações, etc., assumiu a Paróquia dos Sagrados Corações.

Há registros de que ele viajava para pregar tríduos nas seguintes cidades: Nova lima, Pará de Minas, Juiz de Fora, Pedro Leopoldo; Santa Bárbara; Montes Claros e Itaúna, e, em uma destas visitas foi picado pelo mosquito vetor da febre tifo, vindo a falecer em 30 de agosto de 1943.

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Afirma Dom João Resende Costa, Arcebispo emérito de BH: ”A vida de Pe. Eustáquio
brilhou de fato, como uma luz de brilho sereno e 
puro, aos olhos de todos os que o conheceram entre os quais me coloco também”. Era a fé, era a simplicidade, era a humildade, a paciência, a caridade sem limites, a prontidão para prestar serviço a quem precisasse de seu auxílio.

A fama de Pe. Eustáquio é tão grande, que o bairro onde ele trabalhou em BH tem o seu nome. Inúmeras escolas, casas comerciais e outras instituições trazem o seu nome. Algumas centenas de bairros espalhados por Minas, São Paulo e Goiás, trazem o seu nome, e várias pessoas têm o nome de Eustáquio” como primeiro ou segundo nome.

Pelas grandes virtudes teologais de Pe. Eustáquio, lhe sendo atribuídos entre outros até o dom da cura, abriu-se em 1956, um processo junto à Santa Sé conferindo-lhe a sua beatificação que nós os seus admiradores desejamos sua aprovação.

A Paróquia dos Sagrados Corações, Paróquia que ele construiu no bairro Pe. Eustáquio, em BH., preserva sua história, e recebe milhares de visitas, especialmente no dia de aniversário de sua morte, 30 de agosto, pelo reconhecimento e devoção a um homem santo que sem dúvida acrescentou muito ao Reino de Deus.

Este é o ministro de Deus que emprestou seu nome para o nosso querido bairro Pe. Eustáquio.

UMA BREVE NOÇÃO DE COMO SURGIU O BAIRRO PE.

EUSTÁQUIO.

 

Introdução:

Nos anos 40, durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil foi motivado a explorar suas grandes riquezas minerais, com o intuito de abastecer, principalmente o mercado europeu, que se encontrava arrasado pela segunda grande guerra, tendo o minério de ferro como grande matéria prima para movimentar as siderurgias, principalmente em Minas Gerais, e sobretudo no chamado Quadrilátero Ferrifero (Um longo conjunto de serras contornando a capital, começando pela serra de Itatiaiuçu, envolvendo as cidades de Sabará; Santa Bárbara; Mariana; Ouro Preto. João Monlevade; Rio Piracicaba indo até a cidade de Itabira e outras), o que impulsionou a criação de indústrias guseiras nas cidades de: Sete Lagoas; Belo Horizonte; Betim; Matozinhos; Divinópolis, Pará de Minas; Pitangui, Cláudio, Itaúna e outras.

A Indústria de Ferro Gusa em Itaúna.

 

No caso de Itaúna, nos anos 40, sabendo-se da grande jazida de minério de ferro Hematita e manganês existente na serra de Itatiaiuçu, uma das mais ricas do mundo em teor metálico, houve uma grande movimentação no sentido de criar na cidade mais uma indústria de gusa que se chamaria “Ferro Puro”, logo após a criação da Companhia Siderúrgica Nacional criada pelo Presidente da República Getúlio Vargas, em 1941 na cidade de Volta Redonda, no Rio de Janeiro.

O então Prefeito de Itaúna, Dr. Lincoln Nogueira Machado,(1936 a 1947), com a ajuda também do prefeito seguinte, Antonio Augusto de Lima Coutinho, (1947 a 195l), muito conscientes das excepcionais condições de Itaúna, estiveram a frente do movimento, inclusive acompanhando a benção da pedra fundamental da indústria que se chamaria “Ferro Puro”. Depois de ser escolhida a área a ser implantada a indústria na região, onde se localiza hoje o bairro Pe. Eustáquio, mais ou menos onde se situa a casa do saudoso Sr. Geraldo Alves Parreiras, hoje propriedade do empresário Antonio Santos Salera. E, como Pe. Eustáquio tinha sua fama como homem de grande carisma e espiritualidade, e mantinha relacionamento de amizade com personalidades da cidade, foi convidado para benzer a pedra fundamental da futura empresa “Ferro Puro” (ver foto), o que ocorreu numa sexta de janeiro de l943. em uma área que até então era de propriedade do Sr. Arthur Contagem Vilaça. (hoje bairro Pe. Eustáquio).

Origem do bairro Pe. Eustáquio.

Ocorreu que, por motivos diversos, a empresa “Ferro Puro” não vingou, restando aos itaunenses a frustração de não ter a grande indústria, más, despertou em alguns ilustres itaunenses a vocação da cidade, exemplificada nas indústrias de fundição já existentes aqui, como por exemplo a Fundição Corradi S/A., foi quando o Sr. Geraldo Alves Parreiras, vindo da cidade de Bonfim, resolveu montar nas proximidades do local escolhido para funcionar a indústria Ferro puro, a Siderúrgica Itatiaia S/A. no ano de 1945, ocasião em que outras indústrias de ferro gusa começaram a se implantar na mesma região, como a Pedra negra S/A.,
( hoje, bairro Leonane) do Sr. Pedro 
Ribeiro de Oliveira (Pedro Calambau); a Ferros Ouro Negro, no B. Santa Mônica, de Dr. João Augusto de Oliveira, hoje Minas Gusa, e, a Siderúrgica Itaminas S/A, na Vila Tavares. Posteriormente foi também implantada já na década de 60 a Fundição Aldebarâ Ltda: Fundição Itafundi: Fundição Apolo e Após o funcionamento da indústria Siderúrgica Itatiaia, O Sr. Geraldo Alves Parreiras, numa visão de progresso e desenvolvimento, resolveu criar um bairro novo, e encomendou ao topógrafo o Sr. Izaurino do Vale, a elaboração do projeto; e, em função da benção da pedra fundamental da

fracassada indústria “Ferro Puro”, por parte de Pe. Eustáquio de BH, denominou Bairro Pe. Eustáquio, tendo esta pedra fundamental, sido enterrada no interior de nossa igreja, quando de sua construção, a pedido de Pe. Luiz.

O bairro desenvolveu-se muito rápido, vieram várias famílias de outras cidades vizinhas, como por exemplo, Bonfim, terra Natal do Sr. Geraldo Parreiras; Itatiaiuçu, Crucilândia, Piedade de Gerais; Piracema; Itaguara, que a procura de trabalho e melhores condições para estudar os filhos e, também influenciados pela família do Sr. Geraldo Alves Parreiras, vieram para Itaúna, mais precisamente para o bairro Pe. Eustáquio e outros bairros criados nas proximidades, como Irmãos Auler; Vila Vilaça: Vila Tavares, B. Leonane, b. Santa Mônica e Bairro Jadir Marinho de Faria, que foi habitado em 1984; lembrando que já existia o bairro da Várzea da Olaria, o qual, antes da criação dos bairros referidos, era considerado como um distrito da cidade.

Além da criação da indústria e do bairro, por parte do Sr. Geraldo Alves Parreiras, o bairro criou sua estrutura na área da educação, e nesse particular o grande benemérito foi Pe. Luiz Turkenburg, pela atenção que deu aos bairros, construindo prédios para abrigar escolas; a Igreja Matriz, salões, e mobilizando a comunidade para o desenvolvimento da região, homem que viveu e pregou com profundidade a fé, de enorme e rara capacidade empreendedora.

No plano da política, podemos destacar as pessoas do próprio Geraldo Alves Parreiras, que na condição de Vice-Prefeito, ocupou o cargo de Prefeito (20/04/1947 a 14/12/1947) e vereador eleito com mandato de quatro anos.

Outros importantes nomes também se destacaram, como os vereadores Olívio de Oliveira Villefort: Nelson Bernardes Alves: Raimundo dos Santos Nogueira, Francisco de Assis Resendes e que muito trabalharam para o desenvolvimento do bairro e região. E, eu Pedro Paulo que, com muita honra fui eleito pela região por cinco mandatos ao cargo de vereador e, de vice-prefeito (2009/2012) e Prefeito (24/10 a 30/12 de 2012),

Um dos fatos mais importante é, que o bairro Padre. Eustáquio foi criado de forma mais planejada, orientado pelo relevo e topografia da região e, de certa forma foi fator importante para alavancar o desenvolvimento e crescimento populacional de Itaúna, sobretudo no crescimento da indústria de ferro Gusa, e, que apesar de sua crise na cidade a partir dos anos 80, o bairro continuou a abrigar importantes indústrias, tais como: a Siderúrgica Santo Antônio, a Minas Gusa e Paraopeba S.A. e outras.

Nos seus quase setenta anos de existência, o bairro já contribuiu em muito na evolução da sociedade como um todo, temos como agentes de formação, as escolas: Estadual Santana, Estadual Pe. Luiz e, Victor Gonçalves de Souza, classificadas dentre as outras Estaduais como escolas modelos.

É muito importante que as futuras gerações não se percam na história, é necessário que alguém se prontifique a relatar, por escrito os fatos mais importantes da comunidade, do bairro, com mais precisão, de forma a garantir informação aos que virão, pois a história é importante na formação dos povos. “saber a história do passado nos orienta para viver bem a história do futuro”.

Qualquer cidadão que queira ampliar, ou até modificar de forma a contribuir com a veracidade dos fatos históricos do bairro, deve fazê-lo.

Itaúna, agosto de 2015.

Pedro Paulo Pinto – Advogado – Ex-Prefeito e Ex-vice Prefeito.

 

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