Polícia Civil adquire aparelho de R$ 1 milhão para detectar bebidas adulteradas

13/10/2021 | Minas Gerais

Polícia Civil agora tem equipamento para testar qualidade de bebidas. — Foto: Carlos Eduardo Alvim / TV Globo

 

O Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais adquiriu um equipamento capaz de verificar a adulteração de bebidas. Avaliado em mais de R$ 1 milhão, o aparelho foi comprado com recursos do Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério Público de Minas Gerais, e já está em funcionamento.

 

A destinação de recursos para o analisador de bebidas foi aprovada após a contaminação da cerveja Belorizontina, da Backer, com dietilenoglicol, que deixou dez pessoas mortas.

 

Segundo a perita criminal da seção técnica de física e química legal do Instituto de Criminalística, Renata Fontes, durante as investigações do caso Backer, a equipe da Polícia Civil de Minas precisou ir a Brasília para usar o equipamento da corporação do Distrito Federal.

 

“Eu poderia ser questionada se o dietilenoglicol não foi adicionado na cerveja depois de ela sair da fábrica, mas, com o equipamento, eu tinha certeza que não. Como os parâmetros de CO2 estavam dentro do esperado, tenho certeza que a cerveja já saiu da cervejaria com o contaminante”, explicou Renata.

 

As investigações concluíram que o dietilenoglicol foi usado indevidamente e que houve vazamento do produto para as cervejas, dentro da fábrica.

 

O analisador de bebidas permite verificar se a embalagem da bebida está íntegra, por meio da análise da carbonatação e da pressão da rolha, ou se foi violada. Também possibilita verificar se há adulteração em bebidas alcoólicas destiladas ou fermentadas e não alcoólicas gaseificadas.

 

Segundo Renata, com a aquisição do aparelho, a expectativa é que as demandas enviadas para o Instituto de Criminalística aumentem.

 

Os peritos trabalham em casos criminais e podem usar o equipamento, por exemplo, em investigações que apuram falsificação e adulteração de bebidas para venda e em suspeitas de envenenamento.

 

“Com esse equipamento, a gente tem uma segurança muito maior de liberar uma análise realmente conclusiva. A gente consegue fazer uma série de análises químicas, como medição de pH, teor alcoólico e teor de oxigênio e de CO2 na bebida. Foi um ganho enorme para o nosso trabalho e para a apuração de crimes, para identificar onde aconteceu o problema”, afirmou Renata.

 

A contaminação nas cervejas da Backer veio à tona em janeiro de 2020, quando a Polícia Civil começou a investigar a internação de vários consumidores com sintomas de intoxicação após tomarem a cerveja Belorizontina.

Dez pessoas morreram e outras tiveram problemas nos rins e sequelas como cegueira e paralisação facial.

 

A Polícia Civil indiciou 11 pessoas ligadas à cervejaria, por crimes como lesão corporal, contaminação de produto alimentício e homicídio. Todas as 11 foram denunciadas pelo Ministério Público, inclusive os sócios-proprietários da Backer.

 

Por G1

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