Samu registra mais de 70 ataques de animais em 2019

13/09/2019 | Polícia

Fonte: G1 Centro-Oeste / Foto: Internet

 

O Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) já registrou 75 ocorrências este ano com classificação de agressão animal nos 54 municípios de cobertura do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste para Gerenciamento dos Serviços de Urgência e Emergência (Cis-Urg). Uma lei estadual determina que os donos coloquem focinheiras nos animais ao saírem nas ruas.

 

De janeiro ao dia 10 de setembro de 2018, o Samu registrou 44 vítimas de ataques de animais, a maioria de cachorros. No mesmo período deste ano já foram 75 ocorrências.

 

“A gente costuma ver vítimas de todas as faixas etárias, mas principalmente crianças porque normalmente elas tendem a brincar com os cachorros e nem sempre os cães recebem bem esse carinho que as crianças tentam dar a eles. Então é comum a gente ver esse tipo de ataque mais em crianças, os adultos costumam se defender mais”, ressalta o médico do Samu Gabriel Rodrigues Farnese.

 

A maior parte dos ataques é registrada nas ruas. Por isso várias leis municipais, estaduais e federais, que regulamentam as normas de segurança que devem ser seguidas pelos proprietários dos animais.

 

 

Divinópolis

 

 

Em Divinópolis, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) atende, em média, três casos por dia de ataques. A maioria dos casos de mordidas de animais que chegam à unidade é de crianças e adolescentes atacados, pessoas mais vulneráveis.

 

“Infelizmente a gente tem a condição de perceber a situação grave que é o dia a dia só quando acontece uma situação extrema como foi o caso da criança de Pará de Minas. Mas corriqueiramente nós temos vários casos de mordedura de cães que chegam aqui na UPA diariamente. Infelizmente, a questão da política pública, a conscientização individual não é só uma questão de gestão, é cada um cuidar do próprio cão que tem em casa, além da procriação indevida desses animais”, explicou o diretor técnico da UPA, Marco Aurélio Lobão.

 

Ele enfatiza as consequências das mordidas. ”A gente fica preocupado porque muitos pacientes chegam com lesões potencialmente graves, às vezes não chegam a atingir efetivamente os olhos e o nariz, mas lesões próximas da face que deixam marcas definitivas nessas pessoas”, diz.

 

Mais do que as lesões, as pessoas podem ser contaminadas pela raiva, que pode ser fatal. “A raiva é uma doença que não tem cura, por isso que a gente tem todo o critério do paciente que chega na UPA, ele precisa ser avaliado e aí temos a situação: o paciente é orientado para que o cão fique em observação, ele recebe vacina ou vacina e soro. Por isso que todas as mordeduras são atendidas na UPA, cães, gatos e principalmente morcegos”, detalha.

 

O diretor aconselha os donos de animais. “Tenham responsabilidade no manuseio desses animais, eles não são brinquedos de estimação, e tenha a responsabilidade de trazer o paciente que teve uma lesão para a UPA para que a gente atenda de maneira adequada”, finaliza Marco.

 

 

Comportamento

 

 

Na pista de cooper em Divinópolis, é comum encontrar cachorros passeando com os donos. O Aslan, de 7 meses, é um deles. O animal é dócil, brincalhão e pelo menos três vezes na semana passeia no local. A convivência com pessoas que não sejam apenas da família e também com outros cães, é uma das preocupações do engenheiro Reinaldo Loureiro, dono de Aslan.

 

“Eu costumo andar cerca de uma hora com ele, aí ele fica a tarde inteira descansando. Se ele ficar sem andar ele fica agitado demais, faz coisas que não costuma fazer para chamar atenção. É preciso andar pelo menos uma vez no dia com os cães de grande porte”, comenta.

 

E o engenheiro está certo. Segundo o adestrador que há 20 anos trabalha com cães, Adriano Soares, todo animal precisa gastar energia, se exercitar. E qualquer raça, seja pequena ou grande, se estiver estressada, pode atacar.

 

“Imagina um cachorro preso, totalmente estressado. Ele está tão estressado que aquilo [o ataque] é a defesa dele. Um sinal que você fizer de agressividade, se você levantar a mão e ele sentir agressividade, ele pode atacar alguém”, alerta Adriano.

 

 

Pará de Minas

 

 

Na última terça-feira (10), uma criança de 2 anos foi atacada por dois cães enquanto dormia dentro de casa em Pará de Minas. Ela foi encaminhada em estado grave para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. A unidade informou que, a pedido da família, não passará o estado de saúde da menina. O pai pediu orações para a filha.

 

O caso reforça a preocupação em cumprir uma lei que há 13 anos está em vigor em Minas Gerais. A legislação obriga donos de cães de grande porte, e raças consideradas perigosas, a só saírem com os animais nas ruas se estiverem usando focinheira. O equipamento de proteção é usado na boca do animal para evitar ataques e mordidas.

 

Quem flagrar o desrespeito a lei pode denunciar. “As pessoas podem fazer a denúncia ligando no 190, se ver um cão feroz na rua passeando sem uma focinheira, podem denunciar. Lembrando que vai incorrer na contravenção penal, no artigo 31, de omissão de cautela na guarda de animais”, explica o tenente da Polícia Militar (PM) Reginaldo Moraes Sales.

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